segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Le premier bonheur du jour

Ou, em português, a primeira alegria do dia.

Interpretada pelos Mutantes, essa canção é, na verdade, de autoria de uma cantora francesa chamada Françoise Hardy, dos anos 60. É uma música curtinha que fala sobre alegria e tristeza. Mas não vou me aprofundar muito nisso, pois eu lá tenho cara de crítico musical? Para chegar nesse nível, eu preciso começar a mexer com drogas pesadas, como Justin Bieber, NX Zero e qualquer pagode, sertanejo e funk carioca encontrados no mercado. Afinal, que crítico musical que vemos por aí hoje nunca produziu um grupo e/ou artista (artista?) tosco desses?

Enfim, à alegria. Como alguns já sabem, eu moro em Paris por um motivo muito específico: estudar culinária em uma das maiores e mais renomadas escolas do mundo, Le Cordon Bleu. E o trabalho de chef de cozinha é árduo, mas hoje eu entendo que ele é muito mais gratificante do que meu antigo métier  de jornalista.

Abre parênteses. Eu sempre gostei muito de comunicação e sou admirador do bom jornalismo há anos. Mas desde o terceiro ano de faculdade, na UEL, eu já sabia instintivamente que seria muito mais interessante ser jornalista somente nas horas vagas ao invés de fazê-lo como meio de vida, pois infelizmente o dia-a-dia corrói o jornalista sério. Sabe o médico que quando não está de plantão está cozinhando para os amigos? Pois é, eu gostaria de ser o chef de cozinha que periodicamente escreve algumas linhas para alguma publicação. Fecha parênteses.

Mas aí você pergunta: como que trabalhar com facas mega afiadas, muita pressão pela perfeição e por horas longas pode ser melhor que a busca da verdade e a defesa dos interesses da sociedade? 

A resposta NÃO é simples, mas sim concisa: resultado. O trabalho na cozinha tem resultados imediatos e isso permite que você adapte sua técnica a fim de melhorar o produto do seu trabalho. Ou seja, não deu certo? Faça outra vez! E faça melhor! E mais rápido! Dessa maneira, você literalmente enxerga o desenvolvimento profissional se desdobrando diante de seus olhos. E saber que você está crescendo é sempre, mas sempre importante! Claro, se você não está crescendo para os lados porque come tudo o que cozinha nas aulas! 

Mas por quê tudo isso, Rodrigo? Só pra contar algo que aconteceu hoje de manhã na minha aula prática, meu premier bonheur du jour. Existe uma massa em pâtisserie que se chama Pâte Feuilletée, a massa folhada. Normalmente, qualquer ser humano vai ao supermercado e compra ela pronta, já que a confecção é trabalhosa e meio que frustrante, pois é muito mais fácil de errar uma massa dessas do que acertar quando não se está acostumado a fazer esse tipo de coisa sempre.

Enfim, a minha estava feita, cortada e prestes a entrar no forno a 200ºC. Abri o forno, coloquei, e torci muito para dar certo. 

E sabe o que foi abrir aquele forno, 10 ou 15 minutos depois, e ver aquelas massinhas crocantes, altas e coradas?

Foi mon premier bonheur du jour!


Ouvindo: Os Mutantes, Live at Barbican Theater.

Um comentário:

  1. Sugestão: coloque diariamente teus estudos e receitas... Vai ser legal lembrar a primeira Quiche Lourreine.... bjo

    ResponderExcluir